sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pesquisadores afirmam: "Cada pessoa tem 'nuvem' particular de micróbios"

Reportagem: James Gallagher
Editor de Saúde da BBC News

Neste exato momento, você está envolto por uma "nuvem" única, formada por milhares de bactérias, suas próprias bactérias, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos.

Resultado de imagem para espirroAo entrar na nuvem de uma outra pessoa, você é atingido por uma "chuva" de bactérias em sua pele e vai respirá-las, até chegarem ao seu pulmão.
Essa descrição está em um estudo, divulgado na publicação científica PeerJ, que analisou 11 pessoas e concluiu que é possível identificá-las pelos micróbios.

Outras pesquisas já haviam mostrado a extensão do nosso microbioma – conjunto de bactérias, vírus e fungos no nosso corpo.


Essa grupo pode ser transmitido por meio de contato direto, pelo ar ou por células mortas presentes na poeira.

Os participantes do estudo permaneceram em uma câmara fechada por quatro horas, onde o ar era bombardeado para dentro por meio de um filtro, para evitar contaminação.

Já os filtros dentro do cômodo coletavam amostras da "nuvem" das pessoas. E cientistas então analisaram as bactérias coletadas.
"Acreditamos que vamos ser capazes de detectar o microbioma humano no ar que rodeia uma pessoa, mas ficamos surpresos em descobrir que podíamos identificar a maioria das pessoas do grupo apenas pelas amostras da nuvem de micróbios", disse um dos pesquisadores, Dr. James Meadow.

O microbiólogo Ben Neuman, da Universidade de Reading, disse à BBC: "Você pode sentir o cecê ('cheiro' de corpo) de uma pessoa e ainda sabe que todas aquelas coisas estão rastejando em você – que maravilha!"
Segundo ele, essa "descoberta nojenta" faz sentido, já que há uma crescente percepção do microbioma, e mostra que, ao trocarmos bactérias, "estamos mudando um ao outro".
Para Neuman, seria útil saber quais bactérias podem "voar" pelo ar. Mas ele deixa claro que não há com o que se preocupar.


Um banho extra?

O microbiólogo argumenta que não é o caso de se tomar mais banhos por dia.

"Não ajudaria. Precisamos apenas superar isso e seguir adiante."

Na nuvem, há grupos de bactérias como a Streptococcus, que é comum em bocas, e outras que são encontradas em peles, como a Propionibacterium e Corynebacterium.
Os pesquisadores afirmam que essa combinação pode ter uma "aplicação forense", para se detectar se alguém passou por um determinado local.


No entanto, ainda não está claro o quanto o microbioma de cada um pode mudar ao longo do tempo.
Adam Altrichter, um dos pesquisadores do projeto disse à BBC: "Precisamos entender que não somos seres assépticos e isso é algo completamente natural e saudável".

Segundo ele, o tamanho das nuvens ainda não foi medido, mas é estimado que ela se estenda por 30 centímetros.

FONTE(S): BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150923_nuvem_microbio_mdb); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Prática de atividade física pelos pais pode proteger filhos da obesidade

Sugestão: Prof. Me. Lindomar Mineiro
Reportagem:  Karina Toledo - Agência FAPESP

A prática de atividade física regular pelas mães antes e durante a gestação e pelos pais no período anterior à cópula pode tornar os filhos menos propensos a desenvolver obesidade na vida adulta.

A conclusão é de um estudo feito com camundongos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sob a coordenação do professor Ronaldo de Carvalho Araújo e com apoio da FAPESP. Resultados preliminares foram apresentados no dia 10 de setembro, durante a 30ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), realizada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

“Os resultados indicam que a prole de pais e de mães submetidos ao treinamento engorda menos que a de pais e mães sedentários quando alimentada com dieta hiperlipídica. Parece haver uma conjunção de fatores que faz com que a ingestão alimentar seja menor e o gasto calórico, maior”, contou Araújo em entrevista à Agência FAPESP.

Em um primeiro experimento, foi avaliado apenas o impacto da prática de atividade física materna nos descendentes. Durante quatro semanas, as fêmeas de camundongo foram habituadas a nadar durante uma hora por dia, cinco dias por semanas, com uma carga equivalente a 3% do peso corporal presa à cauda. Após esse período, as fêmeas foram colocadas para cruzar e o treinamento foi mantido com a mesma intensidade durante a gravidez.

“Adotamos esse protocolo porque estudos anteriores já haviam mostrado que ele é eficiente para melhorar o funcionamento do sistema cardiovascular de camundongos”, contou Araújo. No final da gestação, os cientistas observaram que as fêmeas treinadas apresentavam peso corporal semelhante ao das integrantes do grupo controle, que permaneceram sedentárias durante toda a gravidez. No entanto, o porcentual de gordura observado nas mães atletas foi aproximadamente 20% menor. O número de filhotes nos dois grupos foi equivalente.

Já o peso dos filhotes ao nascer foi em média 7% menor no grupo das mães treinadas, ficando abaixo do valor considerado normal. “É uma diferença bastante significativa, se pensarmos que cada ninhada pode gerar de cinco a dez descendentes”, disse o pesquisador.

Resistência à obesidade

Na literatura científica, de maneira geral, o baixo peso no nascimento tem sido associado com um maior risco de obesidade, resistência à insulina, diabetes e doenças cardiovasculares na vida adulta.

De acordo uma teoria conhecida como “programação fetal”, quando a mãe passa por privação nutricional durante a gestação, o organismo do feto se adapta a esse ambiente intrauterino adverso. Ocorre uma reprogramação na expressão dos genes que faz com que o metabolismo do bebê se torne poupador e isso se mantém após o nascimento, podendo contribuir para o ganho de peso caso o padrão de ingestão calórica melhore ao longo da vida.

Há estudos indicando que a administração de corticosterona sintética em animais prenhas pode induzir um efeito semelhante à privação nutricional, ou seja, o estresse durante a gestação poderia fazer com que o filho nasça com baixo peso e, consequentemente, risco aumentado para doenças metabólicas e neurológicas.

Mas os resultados observados nos experimentos feitos na Unifesp foram completamente opostos ao esperado segundo a lógica da programação fetal. Os filhotes nascidos com baixo peso se mostraram mais resistentes à obesidade e mais sensíveis à insulina que aqueles nascidos com peso normal.

Quando as proles dos dois grupos chegaram à idade adulta – ou 3 meses de vida – já estavam com peso e tamanho equivalentes e foram alimentadas com uma dieta hiperlipídica durante 16 semanas. Após esse período, os filhos de mães sedentárias estavam em média 60% mais pesados que no início do experimento. Já os filhos de mães treinadas não sofreram alteração no peso. Além de ingerir menor quantidade de alimentos durante as 16 semanas, esse segundo grupo apresentou gasto calórico basal cerca de 5% maior que o controle.

Embora a taxa de glicemia basal dos dois grupos tenha sido semelhante, quando os pesquisadores administraram insulina sintética nos animais observaram que os filhotes das mães treinadas conseguiam captar a glicose mais rapidamente, indicando maior sensibilidade ao hormônio.

“Ainda não sabemos ao certo se isso foi uma modificação relacionada com o exercício materno ou se os roedores permaneceram mais sensíveis à insulina por não terem engordado”, comentou Araújo.

Ao analisar os hormônios relacionados com o controle da fome, o grupo viu nos filhos de mães treinadas um aumento nos níveis de PYY, que é secretado no intestino com o papel de inibir o apetite. Também houve aumento de interleucina­6 (IL6), uma citocina cuja produção é estimulada pela prática de exercícios. Não foi observada, no entanto, alteração na leptina e na insulina “Provavelmente, há vários mecanismos conversando entre si que, ao final, resultam em apetite diminuído e gasto calórico aumentado, deixando esse filhote protegido contra a obesidade”, concluiu Araújo.

Influência paterna

O grupo decidiu testar em seguida se a prática de atividade física paterna também teria impacto no metabolismo da prole e, para surpresa geral, os resultados foram muito semelhantes aos do experimento com as fêmeas.

Assim como no caso anterior, os machos foram habituados ao protocolo de natação com carga durante quatro semanas e, em seguida, colocados para cruzar. Nesse caso, foi observada redução no nível de corticosterona entre o grupo treinado e o grupo controle.

Os filhotes dos pais nadadores, embora gerados por mães sedentárias, também nasceram com baixo peso e continuaram menores que os camundongos do grupo controle até a idade adulta. Ao serem desafiados pela dieta hiperlipídica aos 3 meses de vida, não engordaram. Comiam menos e gastavam mais energia. A sensibilidade à insulina ainda não foi avaliada.

Segundo Araújo, há estudos recentes sugerindo que pais obesos tendem a ter filhos obesos e não apenas por causa dos maus hábitos alimentares compartilhados, mas por alterações herdadas no padrão de expressão dos genes. “São as chamadas alterações epigenéticas, como a metilação do DNA (adição de radicais metila à molécula) ou a modificação de histonas (proteínas que modulam a compactação do DNA), que podem ser passadas via espermatozoide para a prole. Até o momento nenhum estudo mostrou que modificações epigenéticas induzidas pelo exercício físico praticado pelo pai também podem ser transmitidas para os descendentes, mas acreditamos que foi isso que aconteceu em nosso experimento”, disse o pesquisador.

O próximo passo, contou Araújo, é comparar o esperma dos machos treinados e não treinados para ver se há diferença na quantidade e na motilidade dos espermatozoides. “Por meio de técnicas de sequenciamento também pretendemos comparar o quanto e onde esse DNA está metilado em cada grupo e também se há diferença no padrão de expressão de microRNAs (pequenas moléculas de RNA que regulam a expressão dos genes codificadores de proteínas)”, disse o pesquisador. 

Outro projeto futuro é avaliar os netos de pais e de mães treinados para verificar se a resistência à obesidade observada nos filhos é transmitida para a segunda geração, o que reforçaria a hipótese de modificação epigenética.

Araújo ressaltou que ainda é preciso aprofundar as análises para confirmar se a prática de atividade física pelos pais é capaz de induzir uma programação fetal protetora e benéfica na prole. Também afirmou que é cedo para transpor os resultados observados em camundongos para humanos.

“Vale lembrar que o recomendado atualmente pela Academia Americana de Obstetrícia é que durante a gravidez as mulheres pratiquem exercícios moderados, com uma intensidade bem menor do que a adotada em nosso experimento”, disse.

FONTE(S): Agência FAPESP (http://agencia.fapesp.br/pratica_de_atividade_fisica_pelos_pais_pode_proteger_filhos_da_obesidade/21915/).

domingo, 20 de setembro de 2015

Caspa: Mitos e Verdades

Reportagem: Fabiana Marchezi
Bem-estar UOL

Coceira, irritação no couro cabeludo e descamação são os sintomas mais comuns da dermatite seborreica, mais conhecida como caspa*. O problema pode se agravar com o clima seco, estresse, disfunção hormonal, uso de água muito quente, bebida alcoólica e até alimentação rica em açúcares e gorduras.
*A caspa é uma descamação excessiva do couro cabeludo, na qual surgem entre os fios de cabelo pequenas escamas brancas, sem a presença de inflamação do couro cabeludo.
Apesar de ainda não ter cura, a caspa não é contagiosa e pode afetar homens e mulheres de todas as idades. Todos os dias, as células do couro cabeludo são renovadas, mas o aumento dessa renovação pode irritar o couro cabeludo formando os "flocos brancos" que caracterizam a caspa. Entretanto, a mudança de alguns hábitos contribui para uma melhora significativa do quadro.

"Para ela aparecer, além do fator genético, precisamos de fatores predisponentes como clima seco, estresse, disfunção hormonal, uso de água muito quente e até alimentação rica em açúcares e gorduras", comenta a dermatologista Pietra Martini.

Confira as dúvidas mais comuns sobre a caspa.

- Compartilhar o pente pode dar caspa?
Mito. A caspa é uma característica individual. Não é contagiosa. É uma alteração da velocidade com que a pessoa troca a célula do couro cabeludo.



- Lavar a cabeça diariamente causa caspa?
Mito. O tratamento da caspa consiste em lavar a cabeça diariamente com água morna (mais para fria) para que o excesso de células seja removido e para que os ativos dos xampus possam agir no couro cabeludo e tratá-lo.




- Água quente piora a caspa?
Verdade. Banhos muito quentes e demorados podem irritar o couro cabeludo e piorar a caspa, em alguns casos. A água quente aumenta a oleosidade do couro cabeludo possibilitando o aumento da proliferação de fungos associados ao aparecimento da dermatite seborreica.


- Ficar nervoso causa caspa?
Parcialmente verdade. O estresse é um dos fatores que pioram a caspa, assim como o clima seco, disfunção hormonal, uso de água muito quente e até alimentação rica em açúcares e gorduras.


- Xampus para caspa realmente funcionam?
Parcialmente verdade. Os xampus anticaspa vendidos em supermercados melhoram a caspa leve. A caspa moderada responde bem ao tratamento com xampus receitados por dermatologistas. Já a caspa severa só é controlada com remédios prescritos pelos dermatologistas.




- Usar boné provoca caspa?
Parcialmente verdade. Tudo o que atrapalha a respiração do couro cabeludo pode piorar a caspa. Não causa, mas pode piorar. ?O uso de bonés ou chapéus pode agravar o quadro de caspa, pois faz com que o couro cabeludo fique abafado, quente e úmido. Isso facilita a proliferação de fungos na região.






- Caspa provoca queda de cabelo?
Mito. A dermatite seborreica é uma inflamação das células do couro cabeludo e não do folículo piloso. Porém, as caspas moderadas e severas não tratadas podem aumentar a queda de cabelo.



FONTE(S): UOL Saúde e Notícias (http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/09/14/lavar-a-cabeca-diariamente-causa-caspa-veja-mitos-e-verdades.htm); Imagem --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).