sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Doenças Sexualmente Transmissíveis

O que são DSTs?

As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são transmitidas, principalmente, por contato sexual sem o uso de preservativos com uma pessoa que esteja infectada, e geralmente se manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas. As mais conhecidas são gonorreia e sífilis.

Algumas DST podem não apresentar sintomas, tanto no homem quanto na mulher. E isso requer que, se fizerem sexo sem camisinha, procurem o serviço de saúde para consultas com um profissional de saúde periodicamente. Essas doenças quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves, como infertilidades, câncer e até a morte.

Usar preservativos em todas as relações sexuais (oral, anal e vaginal)  é o método mais eficaz para a redução do risco de transmissão das DST, em especial do vírus da aids, o HIV. Outra forma de infecção pode ocorrer pela transfusão de sangue contaminado ou pelo compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de drogas injetáveis. A aids e a sífilis também podem ser transmitidas da mãe infectada, sem tratamento, para o bebê durante a gravidez, o parto. E, no caso da aids, também na amamentação.


O tratamento das DST melhora a qualidade de vida do paciente e interrompe a cadeia de transmissão dessas doenças. O atendimento e ao tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS.


Dúvidas Frequentes


- As chances de se contrair uma DST através do sexo oral são menores do que sexo com penetração?
O fato é que nenhuma das relações sexuais sem proteção é isenta de risco - algumas DST têm maior risco que outras. A transmissão da doença depende da integridade das mucosas das cavidades oral ou vaginal. Independente da forma praticada, o sexo deve ser feito sempre com camisinha.

- Toda ferida ou corrimento genital é uma DST?
Não necessariamente. Além das doenças sexualmente transmissíveis, existem outras causas para úlceras ou corrimentos genitais. Entretanto, a única forma de saber o diagnóstico correto é procurar um serviço de saúde.

- É possível estar com uma DST e não apresentar sintomas?
Sim. Muitas pessoas podem se infectar com alguma DST e não ter reações do organismo durante semanas, até anos. Dessa forma, a única maneira de se prevenir efetivamente é usar a camisinha em todas as relações sexuais e procurar regularmente o serviço de saúde para realizar os exames de rotina. Caso haja alguma exposição de risco (por exemplo, relação sem camisinha), é preciso procurar um profissional de saúde para receber o atendimento adequado.

- Onde se deve ir para fazer o tratamento de outras DST que não a aids?
Deve-se procurar qualquer serviço de saúde disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

- Que período de tempo é necessário esperar para se fazer a identificação de um possível caso de sífilis?
Os primeiros sintomas da sífilis são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas, que surgem entre a 7 e 20 dias após o sexo desprotegido com pessoa infectada. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mas, mesmo sem sintomas, a doença pode ser diagnosticada por meio de um exame de sangue.

- Quais as providências a serem tomadas em caso de suspeita de infecção por alguma Doença Sexualmente Transmissível?
Na presença de qualquer sinal ou sintoma de possível DST, é recomendado procurar um profissional de saúde, para o diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado.


Sintomas das DST

As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são muitas e podem ser causadas por diferentes agentes. Apesar disso, elas podem ter sintomas parecidos. Veja, abaixo, os principais sintomas das doenças mais comuns.

Sintomas: Corrimento pelo colo do útero e/ou vagina (branco, cinza ou amarelado), pode causar coceira, dor ao urinar e/ou dor durante a relação sexual, cheiro ruim na região.
DST prováveis: Tricomoníase, gonorreia, clamídia.

Sintomas: Corrimento pelo canal de onde sai a urina, que pode ser amarelo purulento ou mais claro - às vezes, com cheiro ruim, além de poder apresentar coceira e sintomas urinários, como dor ao urinar e vontade de urinar constante.
DST prováveis: Gonorreia, clamídia, tricomoníase, micoplasma, ureoplasma.

Sintomas: Presença de feridas na região genital (pode ser uma ou várias), dolorosas ou não, antecedidas ou não por bolhas pequenas, acompanhadas ou não de “íngua” na virilha.
DST prováveis: Sífilis, cancro mole, herpes genital, donovanose, linfogranuloma venéreo.

Sintomas: Dor na parte baixa da barriga (conhecido como baixo ventre ou "pé da barriga") e durante a relação sexual.
DST prováveis: Gonorreia, clamídia, infecção por outras bactérias.

Sintomas: Verrugas genitais ou “crista de galo” (uma ou várias), que são pequenas no início e podem crescer rapidamente e se parecer como uma couve-flor.
DST prováveis: Infecção pelo papilomavírus humano (HPV).


Por que alertar o(s) parceiro(s)

O controle das doenças sexualmente transmissíveis (DST) não se dá somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas doenças e evitar a reinfecção, é fundamental que os parceiros sejam testados e tratados com orientações de um profissional de saúde.


Os parceiros devem ser alertados sempre que uma DST é diagnosticada. É importante repassar a eles informações sobre as formas de contágio, o risco de infecção, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde e a importância de evitar contato sexual até que o parceiro seja tratado e orientado.


Por que usar a camisinha (preservativo)?

A camisinha é o método mais eficaz para se prevenir contra muitas doenças sexualmente transmissíveis, como a aids, alguns tipos de hepatites e a sífilis, por exemplo. Além disso, evita uma gravidez não planejada. Por isso, use camisinha sempre.

Mas o preservativo não deve ser uma opção somente para quem não se infectou com o HIV. Além de evitar a transmissão de outras doenças, que podem prejudicar ainda mais o sistema imunológico, previne contra a reinfecção pelo vírus causador da aids, o que pode agravar ainda mais a saúde da pessoa.

Só é preciso seguir o modo correto de uso do preservativo, as instruções se encontram nos postos de saúde e nas embalagens dos mesmos. Mas atenção: nunca use duas camisinhas ao mesmo tempo, pois ela pode se romper ou estourar.


Os preservativos são seguros?

Pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos esticaram e ampliaram 2 mil vezes o látex do preservativo masculino (utilizando-se de microscópio eletrônico) e não foi encontrado nenhum poro. Em outro estudo, foram examinadas as 40 marcas de camisinha mais utilizadas em todo o mundo. A borracha foi ampliada 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e nenhum exemplar apresentou poros.


Em 1992, cientistas usaram microesferas semelhantes ao HIV em concentração 100 vezes maior que a quantidade encontrada no sêmen. Os resultados demonstraram que, mesmo nos casos em que a resistência dos preservativos mostrou-se menor, os vazamentos foram inferiores a 0,01% do volume total. Ou seja, mesmo nas piores condições, os preservativos oferecem 10 mil vezes mais proteção contra o vírus da aids do que a sua não utilização.

O preservativo masculino é distribuído gratuitamente em toda a rede pública de saúde. Caso não saiba onde retirar, ligue para o Disque Saúde (136).


Cuidados com a higiene

Além de usar camisinha em todas as relações sexuais, não compartilhar seringas e outros objetos que furam ou cortam e fazer acompanhamento durante a gravidez, alguns cuidados com a higiene são importantes para se evitar a infecção de alguns tipos de hepatites virais (A e E) e outras doenças sexualmente transmissíveis:


- Lavar as mãos antes e após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de comer ou preparar alimentos;
- Lavar bem, com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos e frutos do mar;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Orientar creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas para a adoção de medidas rigorosas de higiene, tal como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios, para não comprometer o lençol de água que alimenta o poço. Deve-se respeitar, por medidas de segurança, a distância mínima de 15 metros entre o poço e a fossa do tipo seca e de 45 metros, para os demais focos de contaminação, como chiqueiros, estábulos, valões de esgoto, galerias de infiltração e outros;
-Exigir material esterilizado ou descartável nos consultórios médicos, odontológicos e de acupuntura;
- Exigir material esterilizado ou descartável nas barbearias e nos salões de manicure/pedicure. O ideal é que cada pessoa tenha o seu kit de manicure/pedicure, composto de: tesourinha, alicate, cortador de unha, lixa de unha, lixa de pé, empurrador/espátula, palito, escovinha e toalha;
- Exigir material esterilizado ou descartável nos locais de realização de tatuagens e colocação de piercings;
- Não compartilhar escovas de dente, lâminas de barbear ou de depilar;
- Não compartilhar agulhas ou seringas, em outras situações;
- Não compartilhas lençóis, toalhas e roupas íntimas, em qualquer situação;


Considerações

Não sinta vergonha de conversar com o profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre sexo ou qualquer coisa diferente que esteja percebendo ou sentindo, nunca se esqueça de utilizar preservativo em todas as relações sexuais. É direito de todo brasileiro buscar esclarecimento e informações durante o atendimento de saúde.


Tire suas dúvidas no site do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (http://www.aids.gov.br/) ou ligue para o Disque Saúde (0800 61 1997) e informe-se sobre a localização da Unidade mais próxima da sua casa.





FONTE(S): Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (http://www.aids.gov.br/); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

I Seminário de Anatomia Humana AJES - Guarantã do Norte

O Grupo 1 apresentou sobre: Artrite, artrose e osteoporose






O Grupo 2 apresentou sobre: Doenças da Coluna Vertebral







O Grupo 3 apresentou sobre: Formações Cristalinas nas articulações.







O Grupo 4 apresentou sobre: Osteogênese Imperfeita, Artrogripose Múltipla Congênita .







O grupo 5 apresentou sobre: Anomalias Congênitas do Esqueleto.




O grupo 6 apresentou sobre: Doenças Relacionadas ao Sistema Endócrino.



segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Guevedoces: o estranho caso das 'meninas' que ganham pênis aos 12 anos

Sugestão: Acadêmica Naiara Wappler, do II Termo de Enfermagem.
Reportagem: Michael Mosley Da BBC

Johnny vive em uma pequena cidade na República Dominicana onde ele, assim como outros meninos, é conhecido como "guevedoce" - ou "pênis aos doze".

Como outros guevedoces, Johnny foi criado como menina porque, em vez de ter testículos ou pênis visíveis, tinha o que parecia ser uma vagina. Apenas quando ele chegou à puberdade seu pênis se desenvolveu e os testículos desceram.

Johnny, que era conhecido como Felicita, lembra de ir à escola com um pequeno vestido vermelho, apesar de dizer que nunca foi feliz fazendo coisas de menina. "Nunca gostei de me vestir de menina e quando me davam brinquedos de menina eu nem brincava. Quando via um grupo de meninos, ia jogar bola com eles." Quando ele se tornou claramente uma pessoa do sexo masculino, passaram a implicar com ele na escola.

De Carla a Carlos

Já Carla, aos sete anos, está prestes a se tornar Carlos. A mãe dele antecipou a mudança. "Quando ela fez cinco anos percebi que, sempre que via um de seus amigos homens, queria brigar com eles. Os músculos e o peitoral dela começaram a crescer. Dava para ver que ela seria menino. Eu a amo, não importa quem seja. Menina ou menino, não faz diferença", diz a mãe.


Mas por que isso acontece?

Uma das primeiras pessoas a estudar esta condição incomum foi Julianne Imperato-McGinley, do Cornell Medical College, em Nova York. A pesquisadora fez diversas pesquisas com os guevedoces (inclusive biópsias nos testículos deles) antes de descobrir a causa do mistério.

Quando uma pessoa é concebida, ela normalmente tem um par de cromossomos X se for virar uma menina e um par de cromossomos XY se for ser homem. Nas primeiras semanas da vida uterina ela não é nem homem nem mulher, embora em ambos os sexos os mamilos comecem a crescer.

Então, cerca de oito semanas após a concepção, os hormônios sexuais aparecem. Se você é geneticamente homem, o cromossomo Y instrui suas gônadas a virar testículos e envia testosterona para uma estrutura chamada tubérculo, onde ela é convertida em um hormônio mais potente chamado dihidrotestosterona. Este hormônio transforma o tubérculo em um pênis. Se você é mulher e não produz dihidrotestosterona, o tubérculo vira o clitóris.

Quando Imperato-McGinley pesquisou os guevedoces, descobriu que o fato de não terem genitália masculina ao nascer se deve à deficiência de uma enzima chamada 5-alfarredutase, que normalmente converte a testosterona em dihidrotestosterona.

Esse problema parece estar ligado a uma deficiência genética comum em parte da República Dominicana, mas rara em outros locais. Então os meninos, apesar de terem cromossomos XY, parecem mulheres quando nascem. Na puberdade, como outros meninos, eles recebem uma segunda onda de testosterona. Desta vez o corpo responde e nascem músculos, testículos e pênis. 

As pesquisas de Imperato-McGinley mostraram que, na maioria dos casos, os novos órgãos masculinos funcionam bem e a maioria dos guevedoces passa a viver como homem. Alguns, no entanto, passam por cirurgia e continuam sendo mulheres.


FONTE(S): BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150921_meninos_puberdade_lab); Imagem --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en)

Novo relatório da OMS: Linguiça, bacon e presunto são cancerígenos

Reportagem: James Gallagher
Editor de Saúde da BBC News

Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o consumo de carne processada - como bacon, salsichas e presunto - causa câncer. Segundo o documento, 50 gramas de carne processada por dia, o equivalente a duas fatias de bacon, aumentam a chance de desenvolver câncer colorretal em 18%.
De forma mais branda, pela falta de provas mais contundentes, a organização também reforçou o alerta em relação à carne vermelha, dizendo que ela seria "provavelmente cancerígena". De acordo a correspondente da BBC em Genebra, Imogene Foulkes, no caso da carne vermelha o "quadro não é tão claro".



"O estudo mostra provas limitadas de que comer carne bovina, carne de porco ou cordeiro pode causar câncer, mas outras explicações não podem ser descartadas", afirmou. A correspondente da BBC afirmou ainda que a OMS destaca que o consumo baixo de carne traz benefícios à saúde, mas os consumidores precisam saber que também existem riscos e comer carne com moderação. A carne vermelha é uma grande fonte de ferro, zinco e vitamina B12.


Aditivos


Carne processada é a carne que foi modificada para aumentar seu prazo de validade ou manipular o gosto. São as carnes defumadas, curadas ou que receber aditivos como sal ou conservantes. São estes aditivos que podem aumentar o risco de desenvolver câncer.

A OMS chegou a essas conclusões após aconselhamento de sua Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, que avalia os melhores dados científicos disponíveis. Com isso, a carne processada passa a estar na mesma categoria que plutônio e bebidas alcoólicas, substâncias que comprovadamente causam câncer.

No entanto, isso não significa que consumir bacon, por exemplo, seja tão ruim quanto fumar. "Para um indivíduo, o risco de desenvolver câncer colorretal (no intestino) por causa do consumo de carne processada continua pequeno, mas este risco aumenta com a quantidade de carne consumida", disse Kurt Straif, da OMS.

Para o professor da Universidade de Oxford Tim Key, que também é membro da organização beneficente britânica voltada para pesquisa do câncer Cancer Research UK, é uma questão de moderação.

"Esta decisão não significa que você precisa parar de comer qualquer tipo de carne vermelha ou processada, mas se você come muito, há boas razões para pensar em diminuir. Comer bacon de vez em quando não vai causar muito dano - uma dieta saudável é baseada na moderação", afirmou.

FONTE(S): BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151026_carne_cancer_oms_fn); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Que motivos fazem as mulheres viverem mais que os homens?

Reportagem: David Robson
Da BBC Future


Uma das primeiras teorias era a de que os homens viviam uma vida fisicamente mais extenuante e o corpo acabava cobrando o preço disso mais tarde. Mas se isso fosse verdade, hoje em dia a diferença na longevidade deveria ter caído, já que a maioria dos homens e das mulheres realiza os mesmos tipos de trabalho, muitas vezes sedentário.

Só que a diferença na expectativa de vida entre os sexos se manteve estável apesar das profundas transformações sociais dos últimos séculos. Tomemos o exemplo da Suécia: em 1800, a expectativa de vida no nascimento era de 33 anos para as mulheres e 31 anos para os homens; hoje, esses valores são 83,5 anos para elas e 79,5 anos para eles. Nos dois casos, as mulheres vivem cerca de 5% mais tempo que os homens.

Cientistas da Universidade do Alabama afirmaram, em artigo recente na revista Gerontology, que "essa consistente vantagem de sobrevivência das mulheres em comparação aos homens (...) é observada em todos os países, em todos os anos em que há registros confiáveis de nascimentos e óbitos. É provavelmente o padrão repetitivo mais robusto da biologia humana".

Também não tem sido fácil para pesquisadores provar que os homens forcem seus corpos mais que as mulheres. Fatores como o fumo, o consumo de bebidas alcoólicas e a alimentação em excesso podem explicar a diferença nas expectativas de vida entre homens e mulheres em cada país. Os homens russos, por exemplo, têm mais chances de morrer 13 anos antes do que suas conterrâneas mulheres, em parte porque bebem e fumam mais.

Mas a verdade é que fêmeas de chimpanzés, gorilas, orangotangos e gibões também viverem mais do que os machos de seus grupos, e nós não os vemos com cigarro na boca e um copo de cerveja na mão.

Parece, portanto, que a resposta do enigma está na nossa evolução. "É claro que fatores sociais e de estilo de vida têm sua influência, mas há algo mais profundamente impregnado na nossa biologia", afirma Tom Kirkwood, que estuda a fisiologia do envelhecimento na Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha.

Outra hipótese considera o fato de o batimento cardíaco das mulheres aumentar durante a segunda metade do ciclo menstrual, oferecendo benefícios semelhantes aos de fazer exercícios moderadamente. O resultado é um risco mais tardio de desenvolver doenças cardiovasculares.

A diferença na longevidade também pode ser uma questão de tamanho. As pessoas mais altas têm mais células em seu corpo, o que significa que elas têm mais chances de desenvolver mutações prejudiciais. Corpos maiores também consomem mais energia, provocando um desgaste maior dos tecidos. E, como os homens costumam ser maiores que as mulheres, eles poderiam enfrentar mais danos a longo prazo.

Mas talvez o verdadeiro motivo seja a testosterona, que determina a maioria das outras características masculinas, como a voz mais grossa, a presença maior de pelos e a calvície. As evidências para isso vêm de um lugar inusitado: a Corte Imperial da Dinastia Chosun, da Coreia. O cientista coreano Han-Nam Park recentemente analisou os registros detalhados da vida na corte no século 19, incluindo 81 eunucos cujos testículos foram retirados antes da puberdade.

A análise revelou que os eunucos viviam até aproximadamente 70 anos, enquanto os demais homens da corte tinham uma vida média de 50 anos. De maneira geral, os eunucos tinham 130 mais chances de chegar aos 100 anos do que os homens comuns que viviam na Coreia naquela época, inclusive os reis.

A testosterona pode tornar o corpo mais forte, no curto prazo, mas essas mesmas mudanças deixam os homens propensos a doenças do coração, infecções e câncer no fim da vida. "O hormônio pode aumentar a produção de fluido seminal hoje, mas promove o câncer de próstata a longo prazo; ou altera a função cardiovascular para melhorar o desempenho físico no início da vida, mas leva à hipertensão e à arteriosclerose", diz Gem.

‘Elixir da juventude’

As mulheres não só escapam dos riscos da testosterona como também podem se beneficiar de seu próprio "elixir da juventude", que ajuda a compensar alguns dos estragos provocados pelo tempo. O hormônio sexual estrogênio é um "antioxidante", o que significa que ele neutraliza substâncias tóxicas que estressam as células.

Em experimentos com animais, as fêmeas cujos ovários foram retirados não vivem tanto quanto àquelas que continuaram produzindo o estrogênio naturalmente. Kirkwood e Gem acreditam que isso é uma vantagem evolutiva que deu a homens e mulheres as melhores chances de passar seus genes adiante.

Durante o acasalamento, as mulheres teriam mais tendência a procurar o "macho alfa", mais definido pela testosterona. "Mas, uma vez que os filhos nascem, o bem-estar da cria está intimamente ligado ao bem-estar da figura materna. Ou seja, é muito mais importante para os filhos que a mãe esteja em forma do que o pai", diz Kirkwood.

Isso pode não ser um grande consolo para os homens de hoje. Os cientistas admitem que é preciso continuar procurando por uma resposta definitiva. Mas a esperança é que, um dia, o conhecimento possa trazer algumas pistas para ajudar todos nós a vivermos um pouco mais.


FONTE(S): BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151005_vert_fut_longevidade_sexos_ml); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Estudos indicam: Dependência de ‘memória digital’ está prejudicando memória humana

Reportagem: Sean Coughlan
Saúde da BBC News

O uso indiscriminado de tecnologias digitais está enfraquecendo a memória dos seres humanos, revelou uma nova pesquisa. O estudo, conduzido por uma empresa de cibersegurança sediada no Reino Unido, constatou que as pessoas vêm recorrendo a computadores e dispositivos móveis para guardar novas informações em vez de usar seus próprios cérebros.

Segundo a pesquisa, muitos adultos que ainda se lembravam de números de telefone durante a infância não conseguiam memorizar os números de telefone do trabalho ou de parentes próximos.
Maria Wimber, da Universidade de Birmingham, na região central da Inglaterra, disse que o hábito de usar as máquinas para buscar informação "impede a construção de memórias de longo prazo".

O estudo, que analisou os hábitos de memória de 6 mil adultos no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, constatou que mais de um terço dos entrevistados afirmou que recorreria primeiro a computadores e dispositivos móveis para buscar informações do que à própria memória.

Memória externa

A pesquisa revelou que a dependência dos computadores gera um impacto de longo prazo no desenvolvimento das memórias.
"Nosso cérebro parece guardar informações cada vez que tentamos nos lembrar delas, e ao mesmo tempo esquecer aquelas que não são tão importantes", explica Wimber.

Wimber explica que o processo de memorização de dados é "uma forma muito eficiente para criar uma memória permanente". "Por outro lado, buscar informações continuamente na internet não cria uma memória sólida e duradoura."

Entre os adultos que participaram da pesquisa no Reino Unido, 45% conseguiam lembrar-se do número de casa quando tinha 10 anos, enquanto 29% conseguiam lembrar-se dos números de telefone de seus filhos e 43% conseguiam lembrar-se do número de telefone do trabalho.

A capacidade de lembrar-se do número de telefone do parceiro foi mais baixo no Reino Unido do que em qualquer outro lugar da Europa. Enquanto apenas a metade dos entrevistados (51%) britânicos sabia de cor o número de telefone do parceiro, a proporção na Itália era de 80%.

O estudo, realizado pela Kaspersky Lab, empresa de cibersegurança sediada no Reino Unido, constata que as pessoas se acostumaram a usar computadores como uma "extensão" de seus próprios cérebros.

Trata-se da chamada "amnésia digital", pela qual as pessoas se esquecem de informações importantes pois acreditam que podem buscá-las imediatamente na internet, informa a pesquisa. A pesquisa destaca também que há uma tendência cada vez maior de guardar memórias pessoais em formato digital. Fotografias de momentos importantes, por exemplo, deixaram de ser impressas para serem armazenadas somente no universo virtual, com o risco de serem roubadas ou perdidas.


"Existe também o risco de que o registro constante de informação em dispositivos digitais nos torna menos propensos a guardar informações de longo prazo, e até nos distrair de memorizar corretamente um acontecimento da forma como ele ocorre", afirmou Wimber.


FONTE(S): BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151007_dependencia_memoria_digital_lgb); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Degradação ambiental ameaça a saúde humana

Sugestão: Prof. Me. Lindomar Mineiro
Reportagem:  Elton Alisson - Agência FAPESP

 A contínua e rápida degradação dos sistemas naturais observada em todo o planeta coloca em risco a saúde humana e pode reverter conquistas obtidas nas últimas décadas, como o aumento da expectativa de vida.

O alerta é de dois relatórios globais publicados simultaneamente nos últimos meses – um no fim de junho pelo Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e o outro no mês seguinte pela Rockefeller Foundation, dos Estados Unidos, em colaboração com a revista Lancet, do Reino Unido.

As duas publicações foram lançadas no Brasil no dia 24 de setembro, durante o painel “Planetary health: a challenge for individual health”, realizado no campus da Universidade de São Paulo (USP) na capital paulista.

Intitulado Connecting Global Priorities: Biodiversity and Human Health, o relatório lançado pela CDB em colaboração com a OMS aponta que a degradação ambiental tem causado o declínio da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos no mundo, como o fornecimento de água, alimentos e ar limpo.


O declínio desses serviços ecossistêmicos representa um risco crescente para a saúde humana e para a sustentabilidade econômica do planeta, avaliam os autores do documento. “Diferentemente das mudanças climáticas, que podem se manifestar por meio de eventos extremos muito perceptíveis, como maior frequência de secas e inundações, a perda de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos pela degradação ambiental é um processo lento, contínuo e pouco visível. Por isso, a maior parte das pessoas não se dá conta disso”, afirmou Dias.
O relatório indica que a contínua degradação ambiental já causou a perda de mais de 80% da vegetação herbácea, além de 90% de todas as áreas úmidas e dos estoques de peixes de maior porte no mundo.

Além disso, também resultou na perda de mais de 90% da variedade genética de espécies de trigo, arroz e frutas, como maçã, nas últimas décadas. “A perda dessa diversidade de cultivares está tornando a população mundial mais vulnerável a surtos de pragas agrícolas e a um colapso na oferta de alimentos”, disse Dias.

Segundo ele, muitos dos fatores que estão causando a degradação ambiental mundialmente são os mesmos que estão levando à perda de qualidade da saúde humana. Entre esses fatores estão as mudanças no uso da terra, sobre explotação de recursos biológicos, poluição, dispersão de espécies exóticas e invasoras, além das mudanças climáticas e a acidificação dos oceanos. 

Os desequilíbrios nos ecossistemas causados por essas formas de degradação ambiental provocam surtos de doenças, como as causadas por ebola e hantavírus, aponta o relatório. “O empobrecimento de ecossistemas leva à proliferação de organismos que são hospedeiros ou vetores de doenças. Há, claramente, uma relação entre doenças e desequilíbrios de ecossistemas”, afirmou Dias.



Os barbeiros (Triatoma infestans), que transmitem a doença de Chagas, por exemplo, preferem se acomodar em palmeiras – plantas que se proliferam em áreas que sofreram degradação ambiental. Ao desmatar uma área de floresta, as palmeiras rebrotam e facilitam a proliferação do inseto, explicou Dias. 





Já o vibrião (Vibrio cholerae) responsável por causar a cólera está presente em todas as zonas costeiras do mundo inteiro, geralmente sem causar problemas. A poluição resultante de eutrofização – excesso de nutrientes – que chega a zonas costeiras causa um fenômeno chamado maré vermelha e a destruição de microcrustáceos que habitavam aquela região, exemplificou Dias.

“O recente surto de ebola, na África, também está associado à quebra do equilíbrio da relação humana com os ecossistemas”, afirmou. “O consumo de carne de animais silvestres por populações pobres no interior de áreas florestais, em razão da falta de opção de outros alimentos, está fazendo com que entrem em contato com a doença causada pelo vírus ebola e outras zoonoses”, avaliou.

Ações urgentes

O relatório Safeguarding human health in the Anthropocene epoch, da Rockefeller Foundation em parceria com a Lancet, ressalta que os perigos apresentados à espécie humana em razão da degradação ambiental exigirão uma ação coletiva urgente, tanto em nível global como local, e a cooperação será indispensável.

“É necessário que os países se empenhem em atacar as causas das mudanças ambientais, promovendo padrões sustentáveis e equitativos de consumo, controlando o crescimento de suas populações e que usem o poder das novas tecnologias para promover mudanças”, disse Sir Andy Haines, professor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, em sua palestra por vídeo conferência durante o evento.

Algumas das medidas apontadas pelo relatório para diminuir os impactos da degradação ambiental na saúde humana são proteger os recursos hídricos, combater e reduzir o desperdício de alimentos, investir em planos escaláveis e modelos de financiamento para a implementação de energias renováveis e incentivar o investimento regional em infraestrutura de transporte urbano.

“As soluções devem se basear na redefinição de prosperidade, com foco na melhoria da qualidade de vida e na promoção da saúde, juntamente com o respeito pela integridade dos ecossistemas”, disse Haines.

O encontro teve a participação de José Goldemberg, presidente da FAPESP, e de representantes da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, da USP e dos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein. Na avaliação de Goldemberg, a pesquisa científica pode auxiliar muito na busca de soluções para a diminuição de causas da degradação ambiental, que, eventualmente, podem contribuir com outras áreas, além da saúde.

A descoberta de que a palha da cana ­de ­açúcar poderia ser usada para gerar eletricidade fez com que a prática da queima da planta para a colheita manual fosse substituída pela colheita mecanizada da cana crua nos canaviais no Estado de São Paulo, exemplificou.

“O aproveitamento desse subproduto da cana­de­açúcar contribuiu para diminuir a poluição, está ajudando a gerar lucros para as usinas e produzir eletricidade para o país”, avaliou Goldemberg. “É preciso olhar para as causas e consequências da degradação ambiental, que podem resultar em soluções como essa”, afirmou.

FONTE(S): Agência FAPESP (http://agencia.fapesp.br/degradacao_ambiental_ameaca_a_saude_humana/21949/). Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).