segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Edição do código genético humano

Texto modificado de: James Gallagher
Repórter de saúde e ciência


Uma nova forma de editar o código genético humano pode corrigir até 89% de erros no DNA que causam doenças, dizem cientistas americanos.

Resultado de imagem para edição de dnaA tecnologia, conhecida como "prime editing" ("edição de qualidade", em tradução livre), foi descrita como uma espécie de "editor de texto genético" capaz de reescrever o DNA com precisão.
O método foi desenvolvido pela equipe do Instituto Broad, ligado à universidade de Harvard e ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) nos Estados Unidos. A equipe de cientistas afirma que a tecnologia é "muito versátil e precisa", mas destaca que a pesquisa está apenas começando. O DNA é o "manual de instruções" para a construção e o desenvolvimento de cada corpo humano. Ele está presente em quase todas as nossas células.

A capacidade de alterar o DNA através da edição de genes promete revolucionar a medicina — mas traz também novos questionamentos morais e éticos, como a polêmica criação de bebês geneticamente modificados para terem proteção contra o HIV.

Prime editing
Resultado de imagem para edição de dnaUma pesquisa publicada nesta semana na revista científica Nature mostra como os cientistas usaram o método para inserir ou deletar seções de DNA. O "prime editing" também é capaz de corrigir seções menores, como uma única "letra" das três bilhões que formam o código genético humano.


"Você pode imaginar os 'prime editors' como processadores de palavras, capazes de procurar por um alvo entre as sequências de DNA e substituí-lo com precisão", afirma o bioquímico David Liu, um dos pesquisadores. 
O método pode ser ilustrado comparando-o com a edição de texto no computador: é algo como pressionar Ctrl-F para encontrar uma parte do texto que você quer mudar e depois pressionar Crtl-V para colar o texto novo que você quer inserir.
A tecnologia usa uma sequência de código genético feita em laboratório. Essa sequência tem duas funções: uma, é encontrar a parte do DNA que você quer editar, e a outra, é introduzir as mudanças que você quer fazer.

O DNA tem quatro componentes básicos, as bases nitrogenadas: adenina, citosina, guanina e tiamina. Elas são conhecidas por suas letras A, C, G e T. Três bilhões dessas letras formam o nosso DNA, ou seja, o "manual completo" para desenvolvimento e funcionamento do corpo. Mas erros minúsculos causam doenças e transtornos.

A forma mais comum de anemia falciforme (doença hereditária causada pela alteração anatômica dos glóbulos vermelhos), por exemplo, é causada por uma mutação que torna um A específico em um T. A doença de Tay-Sachs, que afeta os nervos e é fatal, com frequência é causada por uma mutação que adiciona quatro letras extras de código no DNA.

O "prime editing" foi usado com sucesso para corrigir esses dois erros genéticos em experimentos feitos em células humanas no laboratório.

"O 'prime editing' é o começo, em vez do fim da longa aspiração das ciências que lidam com vida molecular por serem capazes de fazer qualquer mudança no DNA em qualquer posição em uma célula viva ou um organismo, incluindo, em potencial, pacientes humanos com doenças genéticas", diz Liu.

O grande desafio agora é conseguir viabilizar que o maquinário molecular capaz de fazer essas edições possa acessar corretamente as partes certas do corpo humano de forma segura. É provável que as primeiras aplicações sejam feitas em doenças em que seja possível retirar células do corpo, editá-las, garantir que elas são seguras, e colocá-las de volta.

"Nós somos capazes de 'corrigir' mutações humanas associadas com doenças, mas a habilidade de fazer isso no tipo certo de célula e de uma forma que seja aplicável em um tratamento clínico vai demorar algum tempo", diz a bióloga molecular Hilary Sheppard, da Universidade de Auckland.
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O professor Robin Lovell-Badge, do instituto Francis Crick, em Londres, elogiou o estudo.
"Como a vasta maioria das doenças genéticas humanas são resultado de tipos de mutação que podem ser corrigidos pelo 'prime editing', o método deve ser útil em terapias para esses tipos de doenças."
"Claro que será necessário muito mais trabalho para otimizar o método e encontrar formas de entregar os componentes eficientemente antes de que eles possam ser usados para tratar pacientes. Mas com certeza tem muito potencial."
A geneticista Helen O'Neill, da University College London, diz que os resultados são impressionantes.
"A pesquisa foi feita in vitro em células humanas com exemplos de 175 edições, incluindo algumas das doenças mais difíceis de tratar."

FONTE(S):  BBC Saúde (https://www.bbc.com/portuguese/geral-50133350); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).