quarta-feira, 30 de março de 2016

Ser impaciente pode ser prejudicial

Reportagem: BBC - Brasil


Numa sociedade em que o tempo livre está cada vez mais escasso, a impaciência é uma característica que tem se tornado bastante comum.

A espera pelo ônibus atrasado, aquele choro interminável de um bebê e a fila eterna no supermercado são situações cotidianas, mas, diante até dessas pequenas coisas, nossa paciência não durar muito.
Aprender a esperar realmente nunca foi fácil. Mas fazer isso pode ser muito importante – não só pelo bem-estar diário, mas também para evitar problemas de saúde.

Quando ficamos irritados e impacientes, os níveis de estresse e adrenalina aumentam. Mas existem outros perigos vinculados à falta de paciência que, ao menos à primeira vista, não parecem tão evidentes – e podem ser preocupantes:

Obesidade
Especialistas apontam que pessoas impacientes têm mais probabilidade de serem obesas do que aquelas que sabem esperar. Isso porque elas tendem a não se alimentar da maneira mais correta e a consumir maiores quantidades de alimentos – especialmente daquelas comidas rápidas, congeladas ou instantâneas.

Segundo os economistas Charles Courtemanche, Garth Heutel e Patrick McAlvanah, que publicaram um estudo (Impaciência, incentivos e obesidade) em 2015 na publicação Economic Journal, o acesso fácil a alimentos pouco saudáveis é uma das causas principais, que afeta especialmente a quem tem 'pavio curto'.

"As pessoas mais impacientes se veem mais afetadas pela disponibilidade desses alimentos rápidos a preços acessíveis, que levam ao aumento da obesidade dessa parte da população", indica o estudo.
"Poderíamos pensar que talvez agora pelo fato de termos mais acesso a diferentes tipos de alimentos, acabamos comendo mais e, consequentemente ganhamos peso", disse Courtemanche ao Washington Post.
"Mas é mais complicado que isso; o barateamento da comida só altera o comportamento de um tipo determinado de pessoas", acrescentou o especialista.

Além disso, a impaciência constante – e a consequente ira e tensão que vêm com ela – faz com que nosso organismo libere adrenalina e cortisol, hormônios que podem gerar um aumento de peso.
A gordura acaba sendo aderida às paredes das nossas artérias, aumentando ao mesmo tempo a possibilidade de sofrer um ataque do coração.

Hipertensão
A Associação Médica Americana (JAMA, na sigla em inglês) inclui a impaciência como um fator de risco da hipertensão entre adultos jovens. Um estudo feito na Escola Freinberg de Medicina da Universidade do Nordeste de Chicago com análises de 3,3 mil casos ao longo de 15 anos observou que o tipo de personalidade A (aquele que corresponde a pessoas impacientes e hostis) tem um risco 84% maior – em comparação a quem tem uma personalidade mais tranquila – de sofrer de hipertensão.

O motivo, apontam os especialistas, é o estresse associado à impaciência, que pode chegar a tornar os vasos sanguíneos mais estreitos, aumentando a pressão arterial.

"A ideia de que o padrão de conduta tipo A é 'ruim' para a saúde existe há muitos anos", garante Barbara Alving, da Escola de Saúde Pública de Maryland, nos Estados Unidos.
"Esse estudo nos ajudou a compreender quais aspectos desse padrão de comportamento prejudicam nossa saúde", explicou a especialista.
Para Alving, a hipertensão arterial "é uma condição complexa, que implica fatores biológicos e alimentares", ainda que o estudo demonstro que "o comportamento e o estilo de vida podem ter um papel fundamental na prevenção e no tratamento da doença".

A hipertensão é um fator de risco importante para doenças do coração, do fígado e de acidentes cardiovasculares.

Envelhecimento
Por último, um estudo da Universidade Nacional de Singapura e das universidades americanas de Berkeley e da Pensilvânia, recentemente divulgado na publicação Proceeding of the National Academy of Science revelou que ser impaciente também pode acelerar o envelhecimento.

É que os telômeros (extremos dos cromossomos do DNA) são mais curtos em pessoas impacientes.


Essas estruturas, que protegem o DNA de sua degradação, estão associadas à longevidade, e os cientistas acreditam que quanto mais rápido desaparecem, mais rápido essas pessoas envelhecem.

Segundo os pesquisadores (que só observaram esse fenômeno nas mulheres) falta ainda verificar se é a impaciência que acelera o envelhecimento ou se, ao contrário, as pessoas com telômeros mais curtos "sabem" de alguma forma que vão envelhecer antes e desenvolvem uma personalidade mais impaciente. 

No fim, assim como diz o ditado popular, "a paciência é a mãe de todas as ciências."



FONTE(S): BBC Brasil Saúde (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160329_impaciencia_saude_rm); Imagem --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

quarta-feira, 23 de março de 2016

Homeopatia: Mitos e Verdades

Reportagem: Noelle Marques
Do UOL, em São Paulo 03/08/2015

Homeopatia (do grego ὅμοιος + πάθος, transliterado hómoios - + páthos = "semelhante" + "doença") é uma forma de terapia alternativa iniciada pelo médico alemão Samuel Hahnemann em 1796. Este se baseia no princípio similia similibus curantur (semelhante pelo semelhante se cura), ou seja, o tratamento se dá a partir da diluição e dinamização da mesma substância que produz o sintoma num indivíduo saudável. A homeopatia reconhece os sintomas como uma reação contra a doença. A doença é uma perturbação da energia vital e a homeopatia provoca o restabelecimento do equilíbrio, atualmente é o segundo sistema médico mais utilizado no mundo.

No Brasil a Homeopatia é reconhecida desde 1980 pelo Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM 1000/80), a especialidade médica já é aplicada na rede pública de saúde desde 2006, mas aparece, geralmente, como matéria optativa em poucas universidades brasileiras, como a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Esclareça agora suas dúvidas sobre este tipo de tratamento conhecendo alguns mitos e verdades.


- Todas as doenças podem ser tratadas com homeopatia?
MITO - O tipo e a gravidade da doença limitam o uso da homeopatia, sendo mais indicada para um tratamento complementar e coadjuvante, já que os efeitos colaterais são muito baixos, caso o medicamento seja bem prescrito. "A homeopatia não tem nenhum medicamento que possa substituir a insulina de um paciente diabético, por exemplo, então nem todas as doenças são tratáveis pela especialidade", exemplifica Sérgio Eiji Furuta, presidente da Associação Paulista de Homeopatia.


 - Remédio homeopata potencializa o tratamento com remédios tradicionais?
PARCIALMENTE VERDADE - Ambos os remédios, alopata e homeopata, são prescritos de forma diferente, não se excluem e podem agir de forma complementar ou coadjuvante. O paciente tem uma renite alérgica forte, por exemplo, e precisa tomar um antialérgico, conforme ele vai tomando de forma simultânea um remédio homeopático, cada vez menos ele melhorará mais. De acordo com Sérgio Eiji Furuta, presidente da Associação Paulista de Homeopatia, "o tratamento homeopático pode ser associado beneficamente ao tratamento convencional".

 - Homeopatia cura as doenças?

PARCIALMENTE VERDADE - "O grande papel da homeopatia é junto a doenças crônicas, como alergia e enxaqueca. Com um bom remédio prescrito com base nos aspectos individuais e levando em conta a totalidade de sintomas físicos e psíquicos, a homeopatia consegue mudar o curso natural da doença para uma melhora, levando em conta o tempo de tratamento e o tipo da doença", explica Marcus Zulian Teixeira, médico e pesquisador homeopata, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

 - Não há contraindicações para usar homeopatia?

MITO - O tratamento da homeopatia é feito por meio de substâncias que causam sintomas "semelhantes" aos da doença que será tratada e estimulam o organismo a reagir contra a enfermidade. A potência do remédio, conhecida como dinamização, pode provocar reações adversas no paciente, por isso, o presidente da Associação Paulista de Homeopatia, Sérgio Eiji Furuta, alerta para o risco de uma automedicação.


 - Pode consumir álcool durante um tratamento com homeopatia? 

VERDADE - O consumo de álcool moderado não atrapalha o tratamento homeopata, diz Sérgio Eiji Furuta, presidente da Associação Paulista de Homeopatia.


 - Não é preciso receita médica para usar homeopatia?

MITO - A homeopatia é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980, logo necessita e exige prescrição para compra de medicamentos, alerta o médico e pesquisador homeopata, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Marcus Zulian Teixeira. "O remédio tem que ser individualizado segundo o conjunto de aspectos do indivíduo, ou seja, dez indivíduos com a mesma doença teoricamente irão receber dez medicamentos únicos. Isto acontece porque além da doença se manifestar com aspectos diferentes em cada um deles, cada pessoa tem diversos aspectos emocionais, psíquicos, alimentares, entre outros, que mexem com o sistema imunológico de forma particular".

 - Homeopatia não deve ser usada com remédios tradicionais?
MITO - Segundo Marcus Zulian Teixeira, médico e pesquisador homeopata, pós-doutorando da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), desde que os remédios tradicionais tenham uma prescrição correta, levando em contra os efeitos colaterais, ambas as medicações (homeopata e alopata) podem ser tomadas de forma simultânea, sem ter interferência nas ações. "Uma pessoa da terceira idade que esteja tomando um remédio para pressão arterial ou um diabético que toma medicamentos não deve deixa de tomar as drogas, mas pode fazer um tratamento homeopata concomitantemente", exemplifica Sérgio Eiji Furuta, presidente da Associação Paulista de Homeopatia.

Os especialistas na área destacam que os benefícios da homeopatia se dão na medicina personalizada, no remédio feito seguindo as características de cada pessoa, e não em um igual para todo mundo (que pode ser comprado na farmácia sem receita). E essa é a tendência também para a medicina alopática: buscar tratamentos personalizados, como dietas e remédios feitos para cada paciente, inclusive com remédios genéticos, criados para agir no DNA. Assim, na homeopatia ou na alopatia, o medicamento feito sob medida deve ter melhores resultados.


FONTE(S): UOL Saúde e Notícias (http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/08/03/todas-as-doencas-podem-ser-tratadas-com-homeopatia-veja-mitos-e-verdades.htm); Wikipedia --> Homeopatia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Homeopatia); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).