Reportagem modificada de: BBC Ciência
Um iceberg gigante que se desprendeu da geleira Grey, no sul do Chile, pegou de surpresa autoridades locais e está intrigando especialistas. Funcionários da Corporação Florestal Nacional, entidade vinculada ao governo que responde pela política florestal do país, afirmam ter se deparado com o fenômeno na última segunda-feira.
O glaciar é uma das formações de gelo do Parque Nacional Torres del Paine, uma área formada por montanhas, lagos e geleiras na Patagônia chilena.
Encontrar blocos de gelo soltos na região não é incomum, mas esse caso foi classificado como "especial". De acordo com o glaciologista Andrés Rivera, há algum tempo não era visto um iceberg com características tão particulares.
Tamanho
Análises preliminares indicam que o iceberg tem cerca de 350 metros de comprimento por 300 metros de largura, o que significa uma área de aproximadamente 100 mil metros quadrados.
Para efeito de comparação, seria algo equivalente a 16 campos de futebol profissional.
"Sempre há a liberação de icebergs, mas essa geleira tem sofrido recuos e perdido massa praticamente durante todo o século 20. E isso se acelerou na última década". No caso do glaciar Grey, o especialista atribui esse grande desprendimento à perda de massa do gelo originado recentemente.
Formato
É muito comum a formação de grandes blocos de gelo ou icebergs, mas não como o visto nesta semana. Ele tem uma forma muito retangular, ao contrário da maioria dos icebergs, que são muito irregulares.
"Em geral, os icebergs são menores e têm características complexas, mas não um formato de mesa. O nome desse tipo de iceberg é tabular. Não há muitos vistos com esse formato. É um fenômeno incomum", explica Rivera.
Já foram registrados desprendimentos maiores que este na geleira Grey, especificamente em 1997 e 2011. A diferença é que nesses dois casos foram produzidas dezenas de icebergs, e não apenas um com esse formato.
Risco de fragmentação
Enquanto esse iceberg permanecer como um bloco grande de gelo, ele não representa perigo, mas os especialistas acreditam que, ao ficar à deriva e sujeito a um derretimento natural, ele se fragmentará nas próximas semanas - e isso traz riscos.
Um deles é à navegação de embarcações turísticas, que representam uma das principais fontes de renda para a economia local.
O glaciologista Ricardo Jaña, do Instituto Antártico Chileno, concorda que o iceberg pode ser uma ameaça quando houver a desfragmentação, segundo apontou em um comunicado.
De 1945 até hoje foram perdidos cerca de 500 quilômetros quadrados na área de gelo da América do Sul, segundo Rivera, o que tem efeitos colaterais nas encostas de terra que estão descobertas.
"À medida que ocorrem esses desprendimentos, essas encostas ficam instáveis, e há a queda de rochas. É um risco geológico importante."
FONTE(S): BBC BRASIL Ciência (http://www.bbc.com/portuguese/geral-42179334); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).
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