segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A espécie humana...

Texto modificado de: Museu Virtual de Evolução Humana / IB-USP


Resultado de imagem para Sahelanthropus tchadensis
Podemos dizer que a história da linhagem que levou ao aparecimento da nossa espécie, remonta a aproximadamente 7-6 milhões de anos, no fim do período geológico conhecido como Miocêno. Data dessa época um fóssil encontrado no deserto do Chade, no continente africano, pertencente a uma espécie de primata cujas características anatômicas do crânio (com 350 cm3), como a posição do forame magnum*, indicam já possuir postura bípede, ou seja, essa espécie já era capaz de se locomover em terra sobre as duas pernas. O pesquisador responsável por essa descoberta em 2001, o paleontólogo M. Brunet, nomeou a espécie de Sahelantropus tchadensis.
*Em anatomia, foramen magnum ou forame magno é a grande abertura através do osso occipital localizada no centro da fossa posterior do neurocrânio.
Resultado de imagem para Ardipithecus

Um espécime datado aproximadamente entre 5.8 e 4.4 milhões de anos foi descoberto em Aramis na Etiópia, e foi classificado como Ardipithecus ramidus. Outra espécie do mesmo gênero foi encontrada em uma região próxima e recebeu o nome de Ardipithecus kadabba. Os fosseis de ambas as espécies incluem fragmentos de crânio, dentes e partes do esqueleto pós-craniano. Partes anatômicas, como o fêmur, a pélvis e os ossos do pé indicam a postura bípede dessas espécies. Paleoantropólogos sugerem que uma espécie do gênero Ardipithecus foi o ancestral dos Australopitecíneos.


Resultado de imagem para Australopithecus anamensis
O australopitecíneo mais antigo, datado por volta de 4 milhões de anos, é o Australopithecus anamensis. Os fósseis dessa espécie foram encontrados no Quênia e entre suas características anatômicas constam dentes caninos relativamente grandes. Os indivíduos chegavam a medir 1 metro de altura. As falanges curvas indicam que, embora bípede, esta espécie ainda mantinha hábitos arborícolas.


A espécie mais conhecida e estudada entre os australopitecíneos é o Australopithecus afarensis, descendente do Australopithecus anamensis. Os fósseis de indivíduos dessa espécie foram encontrados em regiões da Etiópia e da Tanzânia. As datações indicam que o A. afarensis viveu entre 3.9 e 2.9 milhões de anos. A anatomia do Australopithecus afarensis possui características que lembram a morfologia dos grandes símios, tais como a face projetada para frente e uma capacidade craniana que gira em torno de 430 cm3. Por outro lado, eles também apresentam traços morfológicos que se assemelham mais à anatomia humana que à dos símios, como por exemplo, caninos pequenos e uma arcada dentária parabólica. 

Os Australopitecíneos surgiram no fim do Plioceno e se extinguiram no Pleistoceno há 1 milhão de anos. Essas espécies sofreram um processo evolutivo que resultou na transição de um estilo de vida semi- arborícola para o bipedalismo estritamente terrestre. 

Hoje muito se especula sobre qual a espécie de autralopitecíneo teria dado origem ao gênero Homo. Suas características anatômicas se assemelhavam bastante com aquelas encontradas nas primeiras espécies do gênero Homo. Parecia estar mais adaptado à vida terrestre que os outros australopitecíneos. Possuia dentes pequenos, pernas longas e falanges curvas, características que apresentam uma combinação de traços encontrados nos australopitecíneos e nas espécies do gênero Homo.
Resultado de imagem para Homo habilis


A primeira espécie do gênero Homo a aparecer no registro fóssil foi o Homo habilis, cujo primeiro espécime foi descoberto por Louis Leakey. Supõe- se que o Homo habilis descendeu de alguma espécie de Australopitecus (a transição entre os dois gêneros ocorreu entre 3 e 2.5 milhões de anos). O uso mais intensivo de tecnologia só se deu com o H. habilis, sugerindo que, em relação aos australopitecíneos, houve um aumento na capacidade cognitiva, o que se comprova quando se observa que sua capacidade craniana era de 650 cm3.


Entre as características anatômicas do Homo habilis constam pernas curtas (media aproximadamente 1 metro), mostrando que eles ainda não tinham todas as adaptações da bipedia moderna. Entre os remanescentes fósseis foram encontrados dentes pequenos e crânios que mostram face bem menos projetada do que nos australopitecíneos. Esta espécie viveu entre 2.0 e 1.8 milhões de anos e fabricava ferramentas de pedras. 


Resultado de imagem para Homo heidelbergensisOutra espécie do gênero Homo que tem causado muita divergência quanto à sua classificação taxonômica é o Homo heidelbergensis. Estima- se que essa espécie tenha surgido no continente africano e depois ao migrar para a Europa tenha evoluído e dado origem aos Neandertais, sendo aceito que as populações que permaneceram na África deram origem ao Homo sapiens. As datações para o Homo heidelbergensis variam entre 600 - 400 mil anos atrás. Os fosseis de H. heidelbergensis apresentam um crânio bastante robusto, com torus supraorbital extremamente saliente. Os fósseis remanescentes dessa espécie foram encontrados em diversas regiões do Velho Mundo. O Homo heidelbergensis tem grande importância na história do gênero Homo, uma vez que deu origem a duas espécies, uma extinta e a outra vivente: os Neandertais e o Homo sapiens, nossa espécie.

Resultado de imagem para Homo neanderthalensis
Homo neandertalensis surgiu há aproximadamente 200 mil anos e ocupou extensas áreas dos continentes europeu e asiático, tendo sido encontrados fósseis e ferramentas de pedra remanescentes dessa espécie desde a Inglaterra a península Ibérica até em áreas mais remotas de Israel, Iraque, Uzbequistão e sul da Sibéria. As proporções robustas da anatomia dos Neandertais, que incluía pernas, braços e tronco muito atarracados, mostram que esta espécie era adaptada a climas frios.


Resultado de imagem para homo sapiens sapiensHá aproximadamente 200.000 anos, surgiu, na África, a nossa espécie, o Homo sapiens. Mais tarde, por volta de 50 mil anos migraram para outras partes do mundo, substituindo populações de humanos arcaicos locais como, por exemplo, os H. erectus, os H. heidelbergensis e os neandertais. Esse modelo é chamado de “out of Africa”, que se sustenta, entre outras evidências, por fósseis de Homo sapiens muito antigos encontrados no Vale do Rio Omo, na Etiópia. 

Esses fósseis datam de até 195 mil anos, possuindo capacidade craniana de 1.450 cm3 cúbicos. Análises de DNA extraídos de fósseis de Neandertais e de uma espécie denominada Denisovanos, mostram que houve hibridização entre populações de Homo sapiens que migraram para fora da África e essas espécies de humanos arcaicos. Os Homo sapiens estão associados a uma indústria de pedra lascada denominada Paleolítico Superior.

As datações mais antigas para o continente Europeu colocam a ocupação nessa região pelo Homo sapiens em torno dos 35.000 anos. O último continente que o Homo sapiens colonizou foi a América em datas relativamente mais recentes.
Muitas espécies de hominínios existiram, mas somente a nossa espécie, Homo sapiens, conquistou e se adaptou a todos os ambientes do planeta, desenvolvendo uma dieta flexível composta dos mais variados alimentos. Ainda mais importante, tudo indica que o Homo sapiens desenvolveu a fala tal qual a conhecemos hoje, passou a manipular símbolos e formas abstratas de pensamento, algo que nenhuma espécie animal, nem mesmo outros hominínios, foram capazes de fazer.

Antropólogos ponderando as causas do desenvolvimento tecnológico da humanidade especularam que o clima era uma causa provável. Por exemplo, se as florestas nas quais nossos ancestrais moravam fossem substituídas por savanas, nosso movimento gradual para fora das árvores faria sentido, auxiliando o desenvolvimento do bipedalismo, uma das características mais marcantes da humanidade. Essas ideias têm sido difíceis de testar, pois faltam muitas evidências do clima passado nos lugares mais relevantes.
Ironicamente, a lenta mudança climática natural da época contribuiu para dar aos seres humanos a capacidade de causar tamanha mudança climática no mundo de hoje.
FONTE(S):  Museu Virtual de Evolução Humana - Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos / IB-USP (http://http://www.ib.usp.br/biologia/evolucaohumana/proposta/sinopse-da-evolucao-humana.html); Notícia Alternativa (https://noticiaalternativa.com.br/evolucao-humana-2/); Imagens --> Internet (www.google.com.br/imghp?hl=en).

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